sábado, 11 de julho de 2009

PROFESSORES NÃO DEIXEM DE LER

Carlos Alberto Rabaça: Homem verdadeiro
Sociólogo e professor
Rio - A crise da educação brasileira vem de longe. Além de não ser prioridade de sucessivos governos, não há estímulo à carreira do professor, nem financeiro, nem motivacional. Os pretendentes ao magistério diminuem a cada ano. Agora, como encanto, surge nova ideia: demitir os maus professores, sem que se faça um real diagnóstico das condições em que trabalham.
Ensinar para cumprir estatísticas é um desastre. Ensinar e aprender são formas que passam pelo entusiasmo. É dançar sobre um vulcão. É desenvolver, com valores, criaturas que emergem para a vida. Aprender não é somente receber o que foi dado como um biscoito gostoso. Se o jovem para na degustação da guloseima, ela fica só na excitação do sabor. Mas saber é sabor, prazer e dor. Saber e sabor têm a mesma origem. Se o saber não for gostoso, ou se o sabor não causar dor — a hora em que ameaça terminar — o saber e o sabor não produzirão o conhecimento. Só o bom professor leva o aluno a aventurar-se, a enfrentar desafios, primeira condição para aprender.
O professor tem que ser apaixonado, magnético, ao mesmo tempo dramático e doce. Um formador de futuras gerações, ora advertindo-as, ora exortando-as, ora conclamando-as para tomadas de posição enérgicas, sobretudo contra negativismos e más práticas, como o desrespeito em nosso país.
Ou as autoridades estimulam o trabalho do professor, ou se estabelecerá o caos com a juventude que sai da escola desmotivada e sem princípios. Só o bom mestre formará o homem verdadeiro, prático, progressista, cultivando a eficiência, acreditando na evolução. Do contrário, caminharemos trôpegos para um destino miserável.
FONTE: JORNAL O DIA DE 11/07/2009.