sábado, 27 de junho de 2009

METEORO NÃO, VULCÃO SIM.

O meteoro vai ser absolvido pelo desaparecimento dos dinossauros?
Desde 1980, um asteroide é o principal suspeito da extinção dos dinossauros. Dois novos estudos mostram que eles sobreviveram ao impacto
O culpado pelo fim dos dinossauros era um meteoro caído no México. A geóloga Gerta Keller diz que o impacto é anterior à extinção.
Dois estudos publicados no final de abril podem afundar a teoria do meteoro. Num deles, a geóloga alemã Gerta Keller, de 64 anos, da Universidade Princeton, diz que o meteoro não causou a extinção. No outro, James Fassett, de 76 anos, geólogo aposentado do Serviço Geológico americano, não descarta que o meteoro tenha sido responsável pela extinção – mas seu efeito não foi imediato. Ele descobriu que havia dinossauros na Terra 500 mil anos depois do impacto.
Entender a causa da extinção dos monstros “antediluvianos” é uma meta da ciência desde 1842, quando o inglês Richard Owen cunhou o termo dinossauro (do grego deinos, terrível, e sauros, lagarto). Teorias nunca faltaram. A primeira foi a do dilúvio. O fim dos dinos já foi creditado a uma supernova, uma estrela vizinha do Sol que explodiu, banhando a Terra com radiação mortífera. Em outra hipótese, a Terra cruzou uma nuvem de gás interestelar que teria sufocado os bichos. Culpou-se até um vírus, que seria causador de uma pandemia planetária.
Essas teorias começaram a ser descartadas em 1980, quando os americanos Luis Alvarez, um físico ganhador do Nobel, e seu filho Walter, um geólogo, disseram que o vilão veio do espaço. Eles descobriram um acúmulo anormal do elemento químico irídio numa estreita faixa de rochas de 65,5 milhões de anos, o chamado limite K/T. Abaixo dele, estão as últimas rochas do período Cretáceo (K), quando ainda havia dinossauros. Acima, estão as rochas terciárias (T), onde eles desapareceram. O irídio quase não existe na Terra, mas é abundante em meteoros. Luis e Walter Alvarez calcularam que a concentração de irídio decorreria da queda de um astro de 10 quilômetros de diâmetro, voando a 20 mil quilômetros por hora. O impacto teria gerado uma explosão igual a 5 bilhões de bombas de Hiroxima. Montanhas de rocha pulverizada foram lançadas na estratosfera, cobrindo o Sol por séculos. Segundo a tese, os animais que não morreram de imediato sucumbiram à fome e ao frio.
Em 1991, a teoria ganhou ares de fato comprovado. Prospecções petrolíferas no Golfo do México detectaram a cratera do meteoro. Ela tem 180 quilômetros de diâmetro e está soterrada por 2 quilômetros de rocha, sob a cidade de Chicxulub, na Península do Yucatán, no México. Escavações provaram sua idade: 65,5 milhões de anos. Tudo levava a crer que Luis e Walter Alvarez tinham razão. Ou não?
Os paleontólogos nunca se convenceram. Eles sabem que o meteoro poupou as espécies menores e muitas de grande porte. Os tubarões surgiram há 400 milhões de anos e sobreviveram incólumes. O mesmo se deu com os crocodilos. Quem sumiu foram os grandes répteis, nas versões alada (pterossauros) e marinha (plesiossauros), e a maioria dos terrestres, os dinossauros. Nem todos. Alguns sobreviveram. São as aves.
Desde 1989, Keller quer provar que a queda do meteoro não acabou com os dinossauros. “Nos últimos 20 anos, tenho sido a bad girl da geologia”, disse a ÉPOCA, enfatizando seu distanciamento dos colegas geólogos, para quem a teoria do meteoro era fato consumado. Em 2004, Keller foi ao México coletar rochas em torno do limite K/T. Ao analisá-las, achou fósseis de 52 espécies de animais abaixo da faixa de irídio. As mesmas 52 espécies continuavam presentes nos 9 metros de sedimento acima da faixa, depositados durante 300 mil anos. “É a prova de que o meteoro precedeu à extinção em 300 mil anos”, diz Keller no estudo publicado no Journal of the Geological Society of London. “Nenhuma espécie se extinguiu como resultado do impacto.”
FONTE: G1- REVISTA ÉPOCA.

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