sábado, 14 de maio de 2011

A Epidemia de Aids no Estado do Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro apresenta 58.897 casos de AIDS notificados desde o início da epidemia em 1982 até 31 de julho de 2008. Estes casos concentram-se nas regiões metropolitanas 1 e 2, onde residem 85,8% dos pacientes. Ao longo dos anos a epidemia expandiu-se para outras regiões do estado. Atualmente, apesar das taxas de incidência reduzirem-se no estado, passando de 27 casos por 100.00 habitantes no ano de 2000 para 18,8 casos em 2005, o comportamento da epidemia é diferente em seus municípios e regiões. A Baía de Ilha Grande e a região Norte Fluminense têm as maiores taxas do estado nos últimos anos (24,2 e 22 por 100.000 hab. respectivamente, em 2005). A Médio Paraíba, apesar de ter taxas abaixo das do estado, tem mantido os níveis de suas taxas sem apresentar tendência de redução.
É importante ressaltar que estes valores referem-se a casos de AIDS notificados e, portanto, sofrem influência de fatores como a qualidade das ações de vigilância epidemiológica, com o atraso das notificações ou o sub-registro dos mesmos.
A maioria dos casos de AIDS no estado é masculina (68,6%), entretanto, desde 1999 a razão homem/mulher está em menos de dois casos masculinos para cada caso feminino diagnosticado. Em 2008 esta razão subiu para dois para um, talvez devido ao número ainda reduzido de casos notificados neste ano.

Os grupos etários que mais concentram os casos notificados continuam sendo os de 30 a 49 anos de idade, representando 61,4% dos casos em homens e 56,4% dos casos femininos no ano de 2007. Ao longo do período da epidemia, a proporção de casos em maiores de 50 anos apresentou aumento de 11% para 17% entre os homens e de 14% para 18% entre as mulheres e redução principalmente entre os grupos menores de 5 anos e de 30 a 34 anos de idade.
Quando relativizadas pelas respectivas populações, a epidemia não apresenta crescimento em nenhum grupo etário nos anos mais recentes. As maiores taxas de incidência e, portanto, os maiores riscos estão entre os homens e mulheres de 30 a 34 anos de idade (69,2 casos por 100.000 hab. nos homens e 39,4 casos por 100.000 hab. entre as mulheres em 2004). Entre 1998 e 2004, o grupo feminino de 50 a 59 anos de idade, diferente dos demais grupos, apresentou um pequeno crescimento passando de 17,9 para 21,8 casos por 100.000 hab. Cabe lembrar que estes grupos etários referem-se à idade no momento do diagnóstico da doença e que a doença AIDS manifesta-se em média 10 anos após a infecção.
Desde 1998 a principal categoria de exposição continua sendo, para ambos os sexos, a infecção por via heterossexual. Entre os menores de 13 anos, a transmissão mãe - filho é responsável pela quase totalidade dos casos conhecidos. No que diz respeito à escolaridade, tem havido, nos últimos anos uma redução proporcional dos casos com menor escolaridade tanto em homens como em mulheres (tabelas 6a e 6b). O grande número de casos com as informações ignoradas de categoria de exposição e escolaridade prejudica as análises e deve ser combatida pelas secretarias municipais de saúde, com maior investimento em ações de vigilância epidemiológica.
Dos 58.897 casos de AIDS analisados acima, 43,3% (25.529) têm informação de já terem ido ao óbito, sendo 47,3% dos homens, 36,6% das mulheres e 22,9% das crianças. Dos casos com diagnóstico anterior a 1997, 63,9% já foram a óbito.
No Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) constam 32.540 óbitos por AIDS, ocorridos de 1984 até 2006 no estado do Rio de Janeiro. Em 2006, ocorreram 1.579 óbitos, correspondendo a uma taxa de mortalidade de 10 óbitos por 100.000 hab. Esta taxa que era de 19 óbitos por 100.000 hab. em 1999 estabilizou-se em 11 óbitos por 100.000 hab. de 1999 a 2002, sofreu pequeno aumento em 2003 e 2004 e reduziu-se em 2005 e 2006. A Região metropolitana 1 apresenta as maiores taxas de mortalidade do estado, entretanto as regiões Norte e Centro-Sul Fluminense destacam-se por apresentarem as taxas, além de oscilantes, com crescimento constante.

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